Redes Sociais : conceitos básicos – parte 2

Redes Sociais: conceitos básicos – parte 2

Para desenvolver uma modelagem de uma rede social pode-se utilizar uma das três notações seguintes: a da teoria dos grafos, a da sociometria baseada em sociomatrizes ou a da notação algébrica.

E, para se desenvolver uma análise de uma rede social utiliza-se a teoria dos grafos, estatística, probabilidades e modelos algébricos. Quanto aos tipos de análise, pode-se desenvolver uma análise estrutural (Alain Degenne e Michel Forsé; Scott), uma abordagem matemática (Moreno) ou pelo que hoje se define como “ciência de redes” seguindo a linha de Barabási, Newman, Watt e Barabási.

Existe um artigo muito interessante, de 2006/7, de Inês Mergel (Univ. Harvard) e de Marin Hennig (Humboldt – Univ. Berlim) que faz a análise de 14 livros sobre “Social Network Analysis” cujo link está disponível no final deste artigo [1].

Portanto, primeiro ponto a ficar claro, uma perspectiva é desenvolver um modelo de rede e outra perspectiva é desenvolver uma análise de uma rede já existente.

Em qualquer dos casos, os conceitos básicos, tanto dos objetos como de suas propriedades, deveriam convergir para uma concepção comum. No entanto, o observado, é uma pluralidade de nomenclaturas e perspectivas diferentes que é característica de uma ciência nova, ainda em estágio de amadurecimento.

O estudo de redes, pela sua interdisciplinaridade e abrangência, atraiu matemáticos, físicos, biólogos, engenheiros, sociólogos, geógrafos, economistas, entre outros. O que, de modo interessante, provocou o surgimento de múltiplos estudos, modelos e análises, onde os autores apresentam suas conclusões sublinhando os pontos mais relevantes na sua visão e de acordo com sua área de atuação (especialização).

Neste artigo, o foco será nos objetos e seus atributos mais simples que compõem a rede: o e a ligação.

Como já referido, o , dependendo da perspectiva, também utiliza a nomenclatura de ator, vértice, ponto, agente, (actor, vértices (vertex), point, agent) etc. e a ligação pode ter a nomenclatura de relacionamento, aresta, conexão, etc. (relationship, edge, tie, link).

No estudo das redes sociais o foco é nos relacionamentos e não nos atributos dos atores (nós).

Nas redes sociais a ligação pode ser direcionada (tipo: relação pai-filho) ou não direcionada.

Se a rede tiver só um tipo de relacionamento entre os atores (nós) ela é chamada de simplex, se tiver vários tipos de relacionamento é chamada de multiplex.

Se a rede tiver um só tipo de nó é uma rede de modo 1, se tiver dois tipos de nós é uma rede de modo 2.

Exemplo do modo 2: um tipo de nó é caracterizado pelas pessoas (atores) e o outro tipo de nó é  definido por eventos. As pessoas se conectam aos eventos (assistir palestras, ir a feiras, etc.).

O conjunto de dois atores e de suas ligações é chamado de díade e um conjunto de três atores e de suas ligações é chamado de tríade.

Em uma rede o número de ligações de um nó (ator) é chamado de grau do nó. Se as ligações forem direcionadas, observam-se ligações entrantes e ligações “saintes”. Neste caso tem-se o grau de entrada (in-degree, número de ligações de entrada) e grau de saída (out-degree, número de ligações de saída).

Em função do grau de entrada (ge) e saída (gi) o nó pode ser: isolado (ge=gi=0); transmissor (ge=0, gi > ou =1), receptor (ge > ou =1), portador (ge > ou =1, gi > ou = 1).

Outras propriedades do nó (ator) são a centralidade e prestígio. Quanto à centralidade, há várias definições, a mais simples é a definida como a medida dada pelo grau do nó. Quanto ao conceito de prestígio, este está relacionado com as redes direcionadas e refere-se ao grau entrante (ge) do nó.

Ainda relacionado à centralidade tem-se os conceitos de grau de proximidade, intermediação e “encontrabilidade” (reachability), que serão detalhados em um próximo artigo.

A distância entre dois nós, isto é, o número de ligações que precisam ser percorridas para ir de um nó ao outro é chamada de distância geodésica que pode ser definida como o atalho mais curto entre dois nós e dimensionada como a quantidade de ligações percorridas entre os dois nós.

Sobre “caminhos” existem quatro pontos importantes a destacar: passeio (walk), trilha (trail), atalho (path) e ciclo (cycle).

Passeio (walk) é uma seqüencia de ligações para ir do nó “n1” ao nó “n2”. E o comprimento do passeio é a somatória do número de ligações.

Se todas as ligações do passeio são distintas (isto é, não se repetem), o passeio é chamado de trilha (trail).

Se além das ligações, os nós são distintos tem-se um atalho (path ou, também, caminho em português).

E se além de tudo o referido, o nó inicial e final são o mesmo tem-se um ciclo.

Uma aplicação prática para os conceitos sobre “caminhos” é a determinação do caminho mais curto entre dois pontos. Uma solução foi dada por Dijkstra em 1952 e é uma solução não polinomial (NP). Esta solução trabalha com grafos valorados (cada ligação tem um “peso” ou valor) e o objetivo é minimizar o custo ou “distância”.

Outros atributos que serão revistos em um próximo artigo: redes monomodais e duomodais, densidade da rede, diâmetro e raio da rede, detalhes sobre conectividade e conexões (ligações), hubs e bridges, nó de corte (cut point), ponte (bridge), etc.

[1] – http://www.hks.harvard.edu/netgov/files/png_workingpaper_series/PNG07_001a_WorkingPaper_MergelHennig_EN.pdf

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