Conclusões Preliminares do Projeto Rede de Negócios


A visão sistêmica proposta, no presente trabalho, tem por objetivo, além de procurar sedimentar os conceitos básicos: apresentar uma visão dos processos estruturais necessários ao desenvolvimento de uma estratégia de implementação de rede de empresas.

A presente visão sistêmica tem a percepção do mundo como uma rede de relações e que induz a pensar em termos de redes, sendo, esta característica, uma característica do pensamento sistêmico (CAPRA, 2004).

Com a interligação dos clusters, o objetivo é o desenvolvimento de uma inteligência coletiva, que, segundo Pierre Levy (apud MARCON, p.185), é “uma inteligência distribuída em toda a parte, valorizada incessantemente, coordenada em tempo real, que leva a uma mobilização efetiva dos conhecimentos”.

E a visão de globalização e de integração global segue a linha de pensamento de Edgar Morin (2004), que analisa as realidades ou os problemas de forma cada vez mais polidisciplinares, transversais, multidimensionais, transnacionais e globais.

Tendo em vista o caráter abrangente do tema, coloca-se a sugestão para desenvolvimento de quatro linhas de pesquisa.

A primeira abarcando o contexto organizacional do projeto, o qual deve ter como escopo a criação de uma mobilização coletiva e transformadora, por meio da formação de um grupo, com a escolha de atores de notória especialidade, com capacidade motivacional e organizacional para gerar um engajamento coletivo, local, setorial, regional e global.

Após a definição das características desses atores, definir a estrutura do grupo, definir o perfil necessário de um centro de estudo, definir um “padrinho” para o projeto, que pode ser uma instituição universitária, uma empresa, uma organização não governamental ou um órgão governamental.

Desenvolver um plano de progressão e definir metas e pontos de controle e de avaliação de resultados. Desenvolver alianças, definir prioridades, definir os recursos necessários. Dentro deste contexto, a atuação do grupo formado deve ter início, desenvolvimento e fim, pois o objetivo final é a construção da trama de relações entre empresas e entre clusters, que após a fase de implementação e acompanhamento devem ter vida própria, dinâmica individualizada e desenvolvimento autônomo.

Um resultado deste projeto é o de capacitar os empreendedores, por meio da transferência de conhecimento, que se inicia na apresentação inicial do projeto, mostrando as possibilidades que surgirão com a organização em rede das PMEs e continua durante o desenvolvimento do projeto pelo acompanhamento e treinamento dos envolvidos no projeto.

Outros resultados que advêm deste projeto são: o desenvolvimento da conscientização dos gestores envolvidos, efetuado por meio dos seminários e das reuniões temáticas, e facilitar a criação de redes de relacionamento entre empresas, entre empresas e clientes, e entre empresas e governo.

A segunda linha de pesquisa é um estudo teórico do desenvolvimento de redes de relacionamento e de estratégias de rede. Aprofundando questões como: a rede reforça a diversidade e alimenta as complementaridades; a tecnologia é um meio, o importante é a informação e o uso que se faz dela; a dimensão cultural das redes; a interconexão e intersecções de várias redes; sistemas pró-ativos de informação, sistemas pelo princípio de reação; princípios de concentração de esforços e economia de forças, tipos de conexão, como: no espaço, no tempo, do ponto de vista social, do ponto de vista organizacional; entre outros pontos.

A terceira linha sugerida trata de pesquisar os aspectos sociais e educacionais que podem ser desenvolvidos com o desenvolvimento da rede. No Brasil, por ano, são abertas 470 mil empresas com taxas de mortalidade que variam de 49% a 59,9%, dependendo do tempo de existência, variando de 2 a 4 anos respectivamente (SEBRAE, 2006b). Após a implementação de projeto piloto de implementação de clusters e de sua interconexão em rede, um estudo pode provar se houve, ou não, diminuição da taxa de mortalidade.

Outra vertente que pode ser explorada é, utilizando a infra-estrutura da rede, promover o ensino à distância, inicialmente para o cluster, ou rede regional, e depois expandir para a rede global.

Outro viés, que pode ter a pesquisa, é de como efetuar a divulgação dos programas sociais locais e facilitar a interação e participação externa para o desenvolvimento e aprimoramento desses programas, regionalmente, utilizando a infra-estrutura da rede.

A quarta linha de pesquisa sugerida é sobre o comércio eletrônico com ênfase nas ferramentas e procedimentos viáveis de serem utilizados pelas pequenas e médias empresas. E, estreitando o foco na utilização do software livre, com sistemas linux, apresentar soluções para uso interno, em suas atividades cotidianas, das pequenas e médias empresas e para utilização nos nós da rede, isto nos clusters.

Com as quatro linhas de pesquisa forma-se uma visão do contexto, partindo do todo para as partes e voltando ao todo. A visão do todo é fornecida após a implementação do processo sistêmico, apresentado no presente trabalho. A primeira linha de pesquisa com o tema centrado na organização do projeto e capacitação e conscientização dos empresários. A segunda linha com um estudo teórico sobre redes, o qual fornecerá subsídios para as outras três linhas de pesquisa; a terceira linha de pesquisa sobre os aspectos sociais e educacionais que permitirão espargir e multiplicar a inteligência coletiva da rede e a quarta linha pesquisa oferecerá os meios tecnológicos para que as três anteriores possam ser viabilizadas. Com as quatro linhas de pesquisa retorna-se ao todo e realimenta-se o processo sistêmico.

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