Introdução ao Projeto de Rede de Empreendedores


A globalização é um fato incontestável e que faz parte do cotidiano de grande parte da população mundial por intermédio das telecomunicações, da mídia, da circulação de produtos, serviços e capital. Na década de 90, houve uma aceleração do processo e os paradigmas de como e quem pode usufruir desse movimento estão em profunda mudança.
 
Segundo Prahalad (2004), a época atual é de grandes descontinuidades no panorama competitivo, onde se tem a conectividade ubíqua, a globalização, a desregulamentação dos setores e a convergência tecnológica, o que provoca o obscurecimento das fronteiras setoriais e das definições dos produtos, permitindo que concorrentes não tradicionais revertam o posicionamento conquistado das empresas estabelecidas.

Não seria, então, o momento dos pequenos empreendedores se organizarem e entrarem no mercado global?

Bernanke, em seu discurso no simpósio econômico anual de 2006, do escritório regional do Banco da Reserva Federal no Estado de Wyoming, coloca que o atual estágio da globalização, observado sobre uma perspectiva histórica, apresenta-se com características diferenciadas dos estágios anteriores, as quais são (OLIVEIRA, 2006):

  • – A velocidade de integração de certas regiões do mundo aumentou de forma exponencial.
  • – A divisão tradicional entre países do centro e da periferia também vem sendo modificada com maior peso econômico dessa última.
  • – Existe um nível sem precedentes de mundialização das cadeias produtivas.
  • – A maturidade e importância dos fluxos de capitais que têm volume e diversificação incomparavelmente maiores do que no passado.

Com a abertura dos mercados, promovida pelo neoliberalismo, o desenvolvimento das comunicações e informática e, por conseqüência, com surgimento de um grande bazar que é a Internet, viabilizaram-se trocas, entre compradores e vendedores, de qualquer lugar do mundo para qualquer lugar do mundo, a qualquer hora e de qualquer natureza (MCMILLAN, 2004).

Outro fator, que a globalização está a permitir, é a viabilização da inserção dos pequenos empreendedores no mercado global. Isto, devido à diminuição da vantagem comparativa, decorrente de menor custo dos fatores, (PORTER, 1999) e de mudar desse conceito para a utilização de vantagem competitiva por meio da eficiência operacional. Isto é, os insumos, capital e conhecimento científico podem ser adquiridos em qualquer lugar do mundo, e o desenvolvimento tecnológico permite às empresas diminuir os efeitos das vantagens comparativas, além de diminuir os efeitos da economia de escala, mudando a integração vertical para terceirização e fornecedores especializados (PORTER, 1999).

De acordo com a proposição de Joel Rosnay (apud MARCON, 2001, p.41), tem que haver “uma mudança de paradigma, um salto cultural que consiste na passagem de um pensamento cartesiano, analítico, linear, seqüencial e proporcional para um pensamento sistêmico, não-linear e multidimensional”. Isto, para que as organizações possam se transformar de organização em pirâmide para organização em rede.

Com o desenvolvimento do comércio eletrônico, conceitos novos, como o x-marketing (HORTINHA, 2001), influenciam a estratégia e o desenvolvimento das organizações, os quais são:

  • A transferência de poder do vendedor para o comprador, o aumento da velocidade de obtenção de informação sobre os concorrentes.
  • O fim das distâncias físicas, a distância geográfica deixou de ser um limitante para a realização de negócios.
  • A procura tornou-se global, o que criou a oportunidade de empresas distribuírem seus produtos e serviços mundialmente.
  • A compressão do tempo de comunicação entre empresas e seus stakeholders.
  • A gestão do conhecimento sobre hábitos e perfis dos consumidores, com os softwares de gerenciamento do relacionamento.
  • A reconstrução dos mercados alterando os processos de compra e venda de produtos e serviços.
  • A interoperacionalidade que provoca a tendência para a concepção de software com padrões abertos.
  • A interdisciplinaridade gerando organizações com estruturas achatadas e matriciais.
  • A sobrevalorização do capital intelectual onde a imaginação, criatividade e empreendedorismo passaram a ser mais valorizados.

  
Para responder ao questionamento inicial, este trabalho é embasado em premissas, como:

  • A importância da utilização da co-criação de valor, a interação de consumidores e empresas é o novo lugar de criação de valor (Prahalad, 2004).
  • Ter a visão de que “o sistema mundo está estruturado em redes híbridas de inteligência, combinações de redes humanas e redes de informação que abrem novas possibilidades estratégicas”.(MARCON, 2001, pg.51).
  • A decisão, da empresa, de expandir para o mercado global é apenas uma em um role de novas dimensões sobre as quais irá ter que tomar decisões estratégicas. (THUROW, 2003).
  • O empreendedor deve evitar as quatro armadilhas empreendedoras, as quais são:
    • saber avaliar que, pelo fato de um produto ou serviço não ser bem-sucedido em um mercado, pode ser um sucesso em outro;
    • acreditar que o lucro é o mais importante, na realidade é o fluxo de caixa;
    • quando empresa cresce e supera a capacidade de produção e gerencial do empreendedor;
    • quando a empresa se torna um sucesso e o empreendedor se coloca antes da empresa (DRUCKER, 2002).
  • Utilizar o processo de coadaptação, o qual é um processo que os sistemas, que possuem agentes relacionados, tiram vantagem entre si para facilitar a mudança e, concomitantemente, mantêm a capacidade autônoma, de cada agente se adaptar (BROWN, 2004).
  • Desenvolver uma inteligência competitiva, estruturada em um processo sistemático e ético, formalizado e ininterruptamente avaliado e com um plano definido para utilização dessa informação (GOMES, 2004).
  • Utilização de um modelo de sinergismo dinâmico que trabalha com a inter-relação dos fatores empresariais em função da globalização (LINS, 2005).
  • A estratégia de desenvolvimento da rede deve ter “o sentido da direção, o sentido da descoberta, o sentido do destino e um sentido da rede” (MARCON, 2001, pg.53).

O objetivo, e resposta à questão inicial, é a apresentação de uma proposta de desenvolvimento estruturado, organizado e viável de redes para pequenas e médias empresas, no contexto global e sobre uma perspectiva sistêmica e transdisciplinar.

6 respostas para “Introdução ao Projeto de Rede de Empreendedores”

  1. Nota 10 para este Site, os arquivos estão bem elaborados trazendo a informação clara e objetiva.

    Parabens a todos os colaboradores

    1. Olá Rosimeri,

      Muitíssimo obrigado pelo comentário. Buscaremos sempre o aprimoramento e trazer informacão relevante.

      Mais uma vez, grato pelo comentário.
      Mário Ferreira

  2. Muito bom Gostei.

    Maravilhoso, bem contextualizado e empreendedor

    Elias – Caririaçu-CE

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