Gestão da Mudança – Parte 3

“… os homens sempre procuram equacionar os problemas das mudanças, mas jamais se preocuparam com o problema da mudança.”
Ruben Bauer, em “A Gestão da Mudança, Caos e Complexidade nas Organizações

A sentença acima endossa a motivação que orientou o conteúdo dos artigos anteriores (Parte 1 e Parte 2).

Foram apresentados, sucintamente, alguns conceitos básicos sobre complexidade e o comportamento dinâmico das organizações. Temas estes, que serão retomados em futuros artigos.

O objetivo dessa apresentação foi focar nas “causas”, no “problema da mudança” em si, para que, agora, se discuta a gestão da mudança, com uma visão mais abrangente e sistêmica.

Ainda, de acordo com Ruben Bauer, mudanças, no plural, são percebidas como eventos singulares, distintos, uns dos outros, e que afetam uma realidade que sem elas seria estável. E, nos dias de hoje, o que a ciência constata, é que não existem mudanças, o que existe é a mudança. O estado de equilíbrio é um caso-limite particular, num universo em permanente evolução, logo, em permanente mudança. Tudo é fluxo, tudo é transformação, tudo é mudança.

Nas organizações não é diferente. Assim como não o é em gestão, em vendas, ou em qualquer outra atividade ou função.

O que se observa mais, nos dias de hoje, é a mudança, o equilíbrio é exatamente um caso-limite particular. A economia, o emprego, o mercado, a perspectiva, as doenças, o perfil das pessoas, os costumes, etc., tudo está a mudar, e rapidamente.

Portanto, agora, mais do que nunca, uma visão sistêmica faz-se necessária.

A mudança e a gestão da mudança pode ter vários enfoques, depende do ambiente a ser analisado e do propósito.

Pode ser analisada no que diz respeito a estratégia, tanto quanto à sua dinâmica (como referi em um artigo anterior sobre conceito de estratégia), assim como quanto à sua raiz, quando analisada a missão da organização.

Pode ser na perspectiva da arquitetura organizacional, no processo de mudança da estrutura do negócio. O foco pode também ser nos processos e na inovação.

A gestão da mudança, pode, também, ser focada nos recursos humanos e gestão de pessoas, onde se analisa liderança, comportamentos, cultura organizacional, inovações gerenciais, entre outros pontos.

Ou seja, a gestão da mudança, hoje, deve estar presente e ser considerada vital em todas as atividades ou projetos, ou na administração de qualquer empreendimento presente ou futuro.

Se o foco for, por exemplo, na gestão eficaz, de acordo com Stephen Covey, no livro os 7 Hábitos das pessoas altamente eficazes, o sétimo hábito é o de “afinar o instrumento”, isto é, o da renovação, ou seja mudança, atualização.

Se o foco for em uma organização moderna, por exemplo, em organização que aprende, segundo Peter Senge, no Livro a Quinta Disciplina, os pontos principais são o domínio pessoal, os modelos mentais, a visão compartilhada, a aprendizagem em equipe e o pensamento sistêmico. Logo, toda a organização está em constante aprendizado e em evolução, portanto, em um estado permanente de mudança.

Se for com uma visão macro, mas também relacionada com administração de empresas, Peter Drucker em seu livro A Administração na Próxima Sociedade, de 2002, comenta sobre mudanças e sobre o conteúdo do livro:

“Alguns capítulos tratam de assuntos tradicionais de administração e outros não. E nenhum deles apresenta “panacéias”, a ferramentas e técnicas ditas “infalíveis” que constituíram grande parte de muitos best-sellers das décadas de 1980 e 1990. Contudo, é um livro para executivos e certamente trata de administração. Pois a tese subjacente a todos os capítulos é que importantes mudanças que estão criando a Próxima Sociedade irão dominar a tarefa dos executivos nos próximos dez a quinze anos, e talvez mais. Elas serão as grandes ameaças e oportunidades para todas as organizações, pequenas e grandes, …”

“…De fato, a tese subjacente a cada capítulo deste livro é que as mudanças sociais podem ser mais importantes do que os eventos econômicos para o sucesso ou fracasso de uma organização…”

Com estes exemplos deduz-se que o escopo de Gestão da Mudança é mais do que uma apresentação de uma esquematização de um processo de gestão, com foco na alteração ou criação de processos, liderança, gestão de conflitos, análise de perfis opositores ou facilitadores da mudança, acompanhamento e correção da implementação, entre outros pontos.

Próximos artigos continuarão o desenvolvimento do assunto, apresentando várias perspectivas, como por exemplo, na gestão de pessoas, na organização e nos processos.

2 respostas para “Gestão da Mudança – Parte 3”

  1. Olá, estou no 2º ano de mestrado e tenho de escolher o tema da dissertação e so sei que gosto da area da gestao da mudança e inovaçao. Gostaria que me indicasse um tema que esteja na moda para poder trabalhar sobre o assunto. Tenho uma ideia “a sustentabilidade corporativa e gestao da mudança” sera viavel? Gostei muito dos artigos que tem no site.

    1. Olá Mary,

      Em primeiro lugar, muito obrigado, por suas palavras. Quanto ao tema que escolheu, eu o acho muito interessante e que dará um bom trabalho, no entanto, como pediu algumas sugestões e disse que gostava de inovação e mudança, vou sugerir mais alguns títulos:

      – A Mudança e a Inovação na Gestão Contemporânea.
      – A Gestão Corporativa num Processo dinâmico de Mudança e Inovação
      – Mudança e Inovação como Processos Fundamentais para a Sustentabilidade Corporativa

      Lembrando que cada um dos pontos, por si só, Mundança, Inovação e Gestão Corporativa, dariam um ótimo assunto de pesquisa e discussão.

      Quanto à gestão da mudança, você, no meu artigo “gestão da mudança – resumo”, encontrará um link para fazer o download do resumo de todos os artigos.

      Também, achará, um resumo sobre a estratégia oceano azul, em outro artigo. A estratégia oceano azul é interessante por lida com mudança e com inovação simultaneamente.

      Por coincidência, ontem assisti uma entrevista no Management TV (canal da tv cabo), sobre inovação. O entrevistado era um tal de … Kelly, que tem vários livros sobre inovação e acho que deve ser uma pesquisa interessante na internet no nome dele + inovação (innovation).

      Quando você definir um título, me diga, que procurarei algumas referências, na web, e docs que tenha, para lhe indicar.

      Saudações acadêmicas,
      Mário ferreira

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